Através da proposta e dos textos indicados na disciplina, pude ampliar a
discussão teórica sobre o tema que escolhemos como interesse de estudo do nosso
blog.
E Trazendo a temática das ocupações no âmbito urbano para a disciplina
de núcleo temático pude observar que as cidades brasileiras são cada vez mais
marcadas pela desigualdade, fragmentação e segregação socioespacial.
O quadro de exclusão territorial nas cidades do Brasil contemporâneo vem
aprofundando os processos de segmentação urbana, onde predomina a pobreza e
precariedade urbana. Sendo o crescimento de territórios ilegais e irregulares no país
os indicadores da gravidade da situação urbana no Brasil.
Não esquecendo que a desigualdade no Brasil passa essencialmente pela
questão fundiária e, portanto, na concepção do grupo foi fundamental levantar a
discussão em torno dos movimentos sociais no Brasil e sendo este o tema principal do
nosso seminário para apresentação do blog.
Historicamente, as invasões de áreas públicas e particulares são formas
antigas de protesto popular, com isso, a falta de áreas livres para a instalação
de novas favelas, posteriormente o inchamento das mesmas dentro dos limites
suportáveis, as restrições impostas pelas novas leis dificultando a abertura de novos
loteamentos, a valorização desmesurada do preço da terra impossibilitando a compra,
aliados à crise econômica, inflação e desemprego, levam à retomada da forma de luta
pela moradia.
A prática das invasões não ficou restrita às áreas para moradia. Ela se tornou
uma prática ao longo de 1984-85, para forçar as autoridades assumirem a postura
orientada pela Constituição Federal.
Invadiram-se sedes de órgãos públicos- administrações regionais autarquias,
postos de atendimento etc. como novas frentes de luta e pressão popular. Muitas
destas invasões estiveram relacionadas com o problema da moradia.
Portanto, penso que a atuação dos movimentos sociais é central no que se
refere à qualquer tipo de reivindicação que se discute sobre ocupações urbanas.
Visto que os movimentos sociais representam forças sociais organizadas, que
atuam por mudanças sociais emancipatórias , pertencimento social e autonomia.
Contudo sobe a atuação do capitalismo, tendo seu reforço nas políticas
neoliberais, representada pela reestruturação produtiva, pela reprodução expandida
mais a acumulação por espoliação, fazendo parte do processo de expansão do
capitalismo que se contrapõem a luta social, reflete diretamente nos movimentos
sociais.
Levando-os a um apassivamento das lutas sociais, encapsuladas em
reivindicações de cunho imediato (corporativas) e circunscritas a níveis de consciência
coletiva elementar (NEVES, 2005).
Com isso,a
investida do capitalismo têm acirrado as características
particularistas, cada um defendendo sua própria bandeira, limitando assim, a ação dos
movimentos sociais e sobretudo a relevância da luta de classes.
“ registrando nas últimas décadas uma perda de horizontes totalizantes, ou, se quiser,
uma crise da historicidade industrialista e sua substituição por uma multiplicação de novas
práticas coletivas segmentadas” (Sônia Larangeira, cita , Calderón & Jelin, 1987:82).
Com essa fragmentação, a verdadeira luta pela universalização dos direitos
(não apenas acesso a serviços) tem sido perdida e com isso, fortalecendo o status
quo .
Por isso, acredito que ser otimista é difícil, mas só a dedicação às mudanças
que poderá haver um horizonte para transformações efetivas.
E vejo na formação política esse horizonte. A formação, portanto, precisa ser
usada como estratégia para a transformação da realidade.
Levando, assim, a prática política, que segundo Iasi é:
“ ... tarefa específica de refletir, superar a aparência das coisas, buscar compreender
a realidade (seja da sociedade ou do movimento ou da organização na qual se
atua) para transformá-la, produzir saltos de qualidade na eficácia de nossa ação.”
Bibliografia:
IASI, Mauro Luis; Ensaios sobre consciência e emancipação – 1 ed- SP: Expressão
popular. 2007
LARANGEIRA Sônia; Classes e movimentos sociais na América Latina- SP: Editora
Hucitec. 1990
Por Vanessa Diniz
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