Edição do dia 01/06/2010 - RJ TV
01/06/2010 13h52 - Atualizado em 01/06/2010 13h52
Passageira perdeu a vista esquerda ao ser atingida por pedra.
Lixo nos trilhos é outro grave problema.
Ao longo da linha férrea podem ser constatadas diversas ocupações irregulares, que avançam na beira dos ramais e representam situações de risco para quem depende do transporte ferroviário. Algumas moradias têm até garagem. O problema é perigoso para os passageiros e para os próprios moradores que vivem ao longo da linha do trem.
No ramal de Deodoro, no Engenho de Dentro, no subúrbio do Rio, as construções ficam bem perto dos trilhos. “Em um dos pontos é possível ver que foram instalados medidores de energia elétrica. Os serviços públicos terem chegado a essas ocupações é um reconhecimento da existência deles pelas autoridades, o que é contraditório”, afirmou o pesquisador Dário Sousa e Silva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), especialista em Ciências Sociais.
Buracos nos muros
No ramal de Belford Roxo, o problema se repete. Moradores também se arriscam atravessando a linha do trem em local proibido. Em Turiaçu, perto de Madureira, também no subúrbio, vários 'puxadinhos' estão grudados nos trilhos.
Outro problema são os buracos que foram feitos nos muros da Supervia, que permitem a travessia dos pedestres ao longo da linha férrea. O lixo nos trilhos também coloca em risco os trens.
A estudante Nathalia Rosa, de 18 anos, sentiu na pele este perigo. Ela ficou cega em um dos olhos depois de ser atingida por uma pedra quando andava de trem. “Eu senti muita dor. Perdi uma visão. Nunca mais vou enxergar direito”, conta a jovem, chorando.
Cracolândia
Há duas semanas, dezenas de famílias foram flagradas em moradias ao lado da linha férrea no Jacarezinho. Crianças, jovens e adultos conviviam com um problema a mais: o consumo de crack no local. Várias pessoas consumiam a droga à luz do dia. Segundo a polícia muitas destas casas eram usadas até como prostíbulos.
A Secretaria municipal de Ordem Pública fez uma operação no Jacarezinho e 40 casas foram retiradas. Os moradores receberam aluguel-social e alguns foram encaminhados para abrigos. “Tem que haver uma estrutura que não criminalize os usuários de crack e os leve para abrigos, oferecendo atendimento médico e de reintegração social”, afirmou Dário
Segundo o pesquisador é preciso que o poder público tome medidas urgentes pra resolver este problema que cresce paralelo à linha do trem. “Mesmo que não aconteça um acidente muito grave, o cotidiano dessas pessoas é muito degradado”, concluiu o pesquisador.
Responsabilidade é da Supervia
A Secretaria de Ordem Pública informou que a responsabilidade pela área é da Supervia. A concessionária disse que, desde que assumiu a malha ferroviária, há 12 anos, todas as tentativas de ocupação irregular são comunicadas a Polícia Militar e são rapidamente removidas. Informou ainda que pontos que já eram ocupados antes de 1998 são mais complexos de serem removidos, mas há entendimentos com os órgãos públicos para resolver os problemas.
Sobre o lixo, a Supervia desenvolve um programa nas comunidades vizinhas, para tentar conscientizar a população a não jogar o lixo na linha férrea. Mesmo assim, segundo a empresa, a Comlurb retira o equivalente a 16 vagões cheios de lixo por mês, dos trilhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário